Estamos vivendo um novo momento na arquitetura. A eterna busca por melhores projetos e os recorrentes problemas causados pelo sistema linear, individual e sistemático, responsável pela produção da documentação arquitetônica contemporânea, proporcionou grandes avanços no desenvolvimento de ferramentas computacionais, e culminou no desenvolvimento de um conceito inovador, que torna necessário ao arquiteto repensar o projeto desde sua concepção até a execução, tratando o edifício resultante do projeto como um organismo vivo e dinâmico.

Este conceito conhecido como BIM – Building Information Modeling se espalhou rapidamente entre os arquitetos, a comunidade acadêmica e as empresas de construção civil, devido às grandes possibilidades na produção de projetos com um nível maior de complexidade, em seus detalhamentos e formas arquitetônicas, processos colaborativos entre as diversas áreas relacionadas a construção civil e integração com sistemas de orçamento, planejamento e análise proporcionados pelos softwares gráficos cuja essência é o BIM.

Porém, não se trata apenas de uma nova forma de representar o objeto arquitetônico, tampouco se caracteriza como uma evolução do CAD – Computer Aided Design. O BIM possibilita a construção do edifício em um modelo virtual, representando com precisão todos os elementos e características físicas do edifício construído.

A realidade virtual proporcionada pela maquete eletrônica como meio de apresentar uma ideia aproximada do resultado final do objeto arquitetônico, perde o sentido quando a visualização em 3D passa a ser um modelo virtual do edifício composto de todas as informações necessárias para orientar a execução, o planejamento e a manutenção do edifício, como um banco de dados que acompanhará o projeto desde a concepção e durante todo o ciclo de vida da construção.

No Brasil, as pesquisas revelam que o BIM está em fase inicial de implantação. Isto é demonstrado pela relevante quantidade de artigos científicos que se debruçam sobre o processo de implantação através do treinamento de softwares específicos, e tem por objetivo específico apresentar o BIM para quem ainda não o conhece ou quer entender melhor a que se destina e como funciona essa nova tecnologia.

Outro fator decisivo é a produção bibliográfica quase que exclusivamente voltada para o ensino dos softwares, que apresentam o conceito BIM de forma superficial e pouco aprofundada.

Para que as possibilidades sejam exploradas e o potencial do BIM gere benefícios relevantes e práticos, o uso do BIM deve ser levado para outros níveis, seguindo o exemplo de países onde o BIM é utilizado em sua plenitude. A implantação definitiva do BIM pode ser dividida em 3 etapas distintas, que caracterizam esse período de transição: primeiro, o BIM 1.0 (Visualização e

Representação Gráfica), passando pelo BIM 2.0 (Análise da Edificação) até o BIM 3.0 (Simulação da Edificação),e para cada uma delas é necessário uma integração maior e mais efetiva entre os profissionais de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção), a fim de identificar as formas de interação entre todas as etapas.

A fim de entender o panorama geral deste período de transição, é de vital importância conhecer em que nível as empresas de AEC estão utilizando o BIM no país. Através de exemplos de empresas que trabalham essencialmente com o BIM 1.0 no Brasil, podemos compreender quais as maiores dificuldades e fatores que estão relacionados à transição entre a primeira e a segunda fase de implantação.

Com estudos específicos de projetos em que foram aplicados os níveis avançados de implantação do BIM em países da Europa e América do Norte, será possível definir de forma objetiva e prática as estratégias adotadas,os benefícios resultantes e as orientações necessárias para possibilitar uma transição segura e efetiva no processo de implantação do BIM.